A razão do nome, "REMENDEIROS"

Olhei pelo retrovisor da DRZ400 e não vi os colegas que me seguiam ainda à pouco.

Com o entusiasmo da condução e das belas paisagens, ninguém reparou que parte do grupo tinha ficado para trás. Soou o alarme. Alguns sinais de luzes e buzinadelas e o pessoal da frente suspende a marcha.

Até agora o passeio estava a correr bem, as bifanas do pequeno almoço tinham sabido que nem ginjas, e também bem regadas com um óptimo vinho branco.

Percorri então, algumas centenas de metros em sentido contrário, e mais adiante, encontro dois elementos do grupo parados.

- Parece que foi a motorizada do Figueira que avariou... - disseram eles

- Ora bolas - pensei eu , - só faltava isto.

Depois de uma série de curvas sempre a subir, lá estava o Paulo Figueira, furioso, pois a sua velhinha EFS-Sachs, estava decidida em não querer colaborar.
Ele, desanimado, e já farto de tanto dar ao pedal de arranque, queria deixar já ali a sua montada no meio da serra deserta.

- Da-lhe um empurrão - sugeri.
O Figueira assim fez. E de repente, o motor, como que por magia, lá começou a trabalhar, entre engasgos, barulho e imenso fumo...
Irado, acelerou a máquina a fundo..., - disparando - anda filha da p... , andas ou não andas!...

Retomámos a marcha, sempre com o motor da EFS a falhar. Nesta altura já o Sr.Fernando, pai do Figueira, tinha passado para a scooter do Sr. Mota, pois, com dois ainda era pior para a coitada da pobre motorizada.

Depois de alguma dificuldade, lá chegámos a Sacorelhe, local do almoço. Junto ao restaurante do Sr. David, perguntámos a um habitante local, se existia por ali perto uma oficina onde se pudesse reparar a máquina.

- Oficina, não há. - mas ali mais a baixo, existe um remendeiro.
Gargalhada geral.

E enquanto nos preparávamos para o almoço, o Figueira e o Rui, foram à procura do tal remendeiro, para lá deixar a motorizada.

Depois de um animado repasto, e de termos saboreado um belo cabrito na brasa, e umas óptimas chouriças assadas, como "sobremesa", a comitiva, já muito "contente", foi ruidosamente rua abaixo à procura do veiculo do nosso amigo.

Quando chegámos à oficina, deparámos com o mais variado tipo de viaturas, desde motores de rega, motorizadas, bicicletas, carros, tractores agrícolas, etc... , tudo à mistura.
Um pouco surpreendido por ver tanta gente, o nosso mecânico, lá foi dizendo que ali, se reparava de tudo um pouco.

Disse mesmo, com alguma vaidade, que tinha sido ele, o único a conseguir colocar um velho Opel Manta a trabalhar, feito esse, que mais nenhum mecânico tinha conseguido até então.
Ficámos mais descansados, tínhamos homem.

O simpático senhor, sempre muito prestável, não só colocou o motor Sachs a trabalhar como um relógio, como ainda nos convidou para a sua adega, para degustar o precioso néctar da sua produção.
Escusado será dizer que, alguns de nós, ficaram ainda mais "contentes". Mas apesar estarmos moderadamente ébrios, conseguíamos ainda assim, proferir palavras de uma sensatez assinalável.

Assim, sempre que visitamos aquelas paragens, é sempre obrigatória uma visita à oficina do "Remendeiro", quer seja para reparar algo, ou simplesmente para cumprimentar o senhor.

Portanto, queremos continuar a contar com a simpatia e competência deste nosso amigo.

O Sr. Fernando Figueira recorda sempre, que, se a reparação não ficar bem efectuada, obrigará ao pagamento de uma multa, que é, como o nosso amigo já sabe, um copinho do seu bom vinho.

Como o nosso grupo motard, também é assim, um pouco amador, e como achámos engraçado o nome, decidimos baptizar assim o grupo.

Até breve...

João Manuel Neves